segunda-feira, 4 de abril de 2011

Bate Papo (Debate) Paulo Oisiovici E suas tristes lembranças do Regime Militar

DEBATE BATE PAPO TEMA: REGIME MILITAR 31/03/1964

Participantes do Bate Papo (Debate):
1 - Paulo Oisiovici
2 - Marco Lisboa 
3 - Reginaldo Barbosa
4 - Landivaldo Alves Nascimento Alves
5 - José Rodrigues
6 - Maria Auxiliadora Santa Cruz
7 - Fernanda Tardin
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04/04/2011

Após as saudações e considerações entre os participantes, o bate papo teve inicio às 20:43 hs.

O Sr. Reginaldo Barbosa apresentou o senhor Paulo Oisiovici aos demais e sugeriu o início do bate papo. Que transcorreu conforme diálogos abaixo: 

Paulo Oisiovici: Boa noite a todos! Estou à disposição dos participantes.
José Rodrigues: li uma matéria dele, um debate com um policial do exército.
Reginaldo Barbosa: Sugestão do primeiro tema então pode abrir
José Rodrigues: Infelizmente moro numa região onde a internet é muito deficiente e sai muito do ar, fiquem a vontade eu aguardo.
Reginaldo Barbosa: Então José tenha a preferência enquanto esta no ar.
José Rodrigues: Amigos eu prefiro assistir um pouco pra ver a linha de discussão eu não sou tão informado quanto os senhores e senhoras. Desculpe estou mais para aprender.
Reginaldo Barbosa: Ok!
José Rodrigues: obrigado. 
Reginaldo Barbosa: Vamos falar do hoje ou do passado, o que escolhem? Um a um de sua posição, por favor, O recrudecimento das forças ULTRA FASCISTAS ou seu tempo na ditadura? 
Paulo Oisiovici: Estou a disposição dos participantes. Gostaria de perguntas formuladas com objetividade e clareza para que o bate-papo/debate possa fluir a contento.
Maria Auxiliadora Santa Cruz: Seu tempo na Ditadura alguém responde...
Reginaldo Barbosa: A Fernanda esta com problemas para entrar no papo do grupo to ajudando ela.
Landivaldo Alves Nascimento Alves: Boa noite a todos eu fui preso político em 64 aqui na Bahia.
Paulo Oisiovici: Ingressei no Partido Comunista do Brasil em 1976, aos 15 anos de idade. O período que vivenciei foi o governo Figueiredo.
Fernanda Tardin: Olá desculpe o atraso, vou tomar pé do bate papo e volto para fazer minhas perguntas 
Reginaldo Barbosa: Esperamos você,  primeiro as damas.
Dagmar Vulpi: Boa noite a todos, desculpem-me o atraso. 
Fernanda Tardin: Bem, após a chuva que me fez apagar o computador vou desandar a perguntar: Paulo você é resistente e sua luta foi mais voltada para a organização campesina, certa? 
Maria Auxiliadora Santa Cruz: Eu tenho um irmão Desaparecido Político, minha irmã e meu cunhado da VAR Palmares passaram um ano e meio presos, meu irmão foi casado pelo 477 e foi exilado . Eu só fui perseguida nos locais de trabalho.
Landivaldo Alves Nascimento Alves: Maria Auxiliadora pedi indenização ao governo eu fui indenizado.
Fernanda Tardin: Paulo você é resistente e sua luta foi mais voltada para a organização campesina, certa? Como vê hoje, 45 anos após o golpe, muito decorrente da possibilidade das reformas de base (agrária) do governo Jango, como vê hoje a luta por reforma agrária no país e a crescente criminalização da Eli...
Paulo Oisiovici: Ingressei no Partido Comunista do Brasil aos 15 anos de idade - em 1976. Fui recrutado para o Partido por um colega do movimento estudantil em Salvador-BA. Estudamos no Colégio 2 de julho e no Colégio CENTRAL. Ainda no movimento estudantil secundarista, fiz parte da redação do jornal TRIBUNA OPERARIA sucursal de Salvador.
Maria Auxiliadora Santa Cruz: Eu fui demitida da Santa Úrsula e fui afastada da Sociedade Brasileira de Nutrição pelos Militares. Estava assessorando um Congresso Internacional.
Fernanda Tardin: Maria Aparecida, é um prazer te-la no grupo e queremos ouvir sua história. Que tal marcarmos para um dia especifico seu? Paulo, então você iniciou no Mov. estudantil? Você foi preso? Quando e onde? Foi Torturado? Pode falar deste período?
Maria Auxiliadora Santa Cruz: Maria Auxiliadora fica melhor assim. Desculpe-se eu não sabia a dinâmica. Fico feliz em ouvir os colegas.
Fernanda Tardin: Nada querida, agora pode nos ajudar a ver revelada a parte que o “compa” Paulo viveu? Estamos num período que qualquer e toda pressão é necessária para termos enfim o direito a memória e a verdade. Muito importante sua disponibilidade em ajudar você é Irmã do Marcelo Santa Cruz? 
Maria Auxiliadora Santa Cruz: Sim sou irmã do Marcelo Santa cruz de Pernambuco. Eu moro no Rio. 
Fernanda Tardin: Parabéns Maria, sua historia e de sua família é bela. Sou amiga de Marcelo e sei da morte de seu Irmão. Todos resistentes. E ainda hoje na luta. (não poderia deixar de falar isto, falamos mais logo) e VC. FOI PRESO Paulo? VC. FOI PRESO Paulo?
Paulo Oisiovici: O processo de colonização do nosso país baseado no latifundio/plantation nos legou esse atraso e a resistência na democratização do acesso a terra. O estopim para a deflagração do Golpe de 64 foi o anuncio por Jango de uma reforma agrária desapropriando terras apenas as margens de BR.
Maria Auxiliadora Santa Cruz: Você Paulo conhecia os companheiros que foram para Guerrilha do Araguaia
Dagmar  Vulpi: Só para registro estou acompanhando e salvando os diálogos para elaborar o documento.
Fernanda Tardin: Sim Paulo, e isto ainda hoje é o foco de criminalização da mídia aos movimentos. Traçaria um paralelo da luta por Reforma Agrária Ontem e a de hoje? ok, Dag
Paulo Oisiovici: Conheci um contato meu em Correntina; BA quando me desloquei para a região oeste da Bahia, Wilson Martins Furtado que levava mantimentos para os camaradas no Araguaia. 
Sim. A luta ontem era mais aguerrida. Hoje, a forma de organização é diferente. O movimento sindical rural se tornou mais assistencialista que classista Sim. Mas fui solto rapidamente por ser menor de idade e por meu pai mobilizar a comunidade judaica...
Fernanda Tardin: E muito dividido, certa? Existem vários grupos de lutas isolados? E sofreu tortura? O que mais te marcou no período da resistência, dentro e fora do presídio?
Paulo Oisiovici: Fui enviado a Correntina; BA pelo partido para reforçar a luta sindical, organizar o STR e a resist}encia dos posseiros {a grilagem Fiquei pouco tempo no cárcere, mas apanhei um bocado, foi na 4ª CIA do Barbalho em Salvador; BA
Fernanda Tardin: Paulo, acompanho a resistência de Honduras desde o dia do Golpe e lá tb. são os campesinos os mais sacrificados com a ditadura, que também aconteceu para evitar que a elite tivesse suas terras assentadas. Vendo o ontem, a criminalização de nossos movimentos rurais hoje, a demagogia dos latifundiários e cientes da ditadura em Honduras provocada em grande parte para evitar a reforma agrária, qual sua analise e perspectiva para avançarmos e ganharmos esta batalha sem mais feridos?
Paulo Oisiovici: Sempre haveria uma resistência feroz dos latifundiários a reforma agrária mesmo burguesa que quase todos os países já fizeram. O latifúndio e o principal sustentáculo do modelo capitalista dependente do Brasil.
Fernanda Tardin: Alias Ricardo Arturo está presente assistindo ao debate, hola hermano, saludo. Gostaria de ve-lo participando em especial com este memória que era resistente de grupo rural (fazia organização sindical de rurais). pode? E o Brasil desta vez pode consolidar ou não uma reforma seria agrária?
Paulo Oisiovici: Fundei a Associação dos Pequenos Agricultores de Arrojelandia, a 120 km da sede de Correntina, onde morei por 17 anos...
Fernanda Tardin: GENTE PODEM PERGUNTAR, só JUNTOS SOMOS FORTES
Paulo Oisiovici: A resistência dos latifundiários a reforma agrária por mais tímida que seja está na questão.
Fernanda Tardin: Fiquei pouco tempo no cárcere, mas apanhei um bocado... Foi na 4 CIA do Barbalho em Salvador; BA Paulo, resgatar a historia não é tão somente focar na Tortura, mas acredito que depois do Brasil ser condenado na ONU por crimes de tortura na guerrilha do Araguaia e recentemente nos presídios do ES, o documento que visamos preparar deverá ter um anexo enfocando os crimes de torturas. Por favor, você se importa de falar mais sobre as que sofreu e as que viu sofrerem nos períodos em que esteve detido?
Paulo Oisiovici: Crucial que muitos preferem ignorar ao falar de um projeto socialista para o Brasil. A questão da propriedade dos meios de produção. O PCdoB hoje traiu todos os seus princípios e historia fala da reforma do Código Ambiental, mas não fala mais da reforma agrária.
Fernanda Tardin: Você tocou num ponto chave. Que acha que aconteceu com lideranças atuais por fazerem acordos com ruralistas e fecharem num código florestal de grileiros?
Você faz parte de algum partido hoje? 
Paulo Oisiovici: Não. Não faço parte de nenhum partido. Sou filiado a uma organização internacional comunista intervenção comunista de feição leninista. Milito no movimento rural e no Sindicato de Professores. Sou professor de historia e filosofia em escola do ensino médio.
Paulo Oisiovici: Embora me seja muito doloroso falar disso... No pouco tempo que fiquei vi meu camarada Julio Batista Neves Filho recrutado por mim para o partido, ser seqüestrado espancado durante interrogatório. A situação da minha segurança ficou insustentável e o partido decidiu que iria para a região isolada do oeste da Bahia...
Fernanda Tardin: isso em que época? 
Paulo Oisiovici: 1979/1980
Fernanda Tardin: Ok!
Fernanda Tardin: E a ameaça a sua segurança era maior por qual motivo? Sua resistência a ditadura ou sua luta para formação e organização sindical e rural?
Paulo Oisiovici: Hoje lideranças por não conseguirem interpretar corretamente o momento histórico e achar tudo perdido acabaram por adotar a postura de os fins justificam os meios e esqueceram que o que determina a luta de classes são os interesses contraditórios. Na verdade não tinham realmente assimilado a compreensão revolucionaria da situação e acabaram capitulando...
Fernanda Tardin: Seria por não assimilarem ou por não terem conseguido resistir ao poder e grana?
Paulo Oisiovici: Dai de Salvador diretamente para uma comunidade muito distante da sede, de difícil acesso e estrategicamente facilitadora de uma fuga... Tive que me adaptar só foi possível pela disciplina e pela formação comunista. A localidade de Couro de Porco, onde morei por 17 anos sobrevivendo como agricultor. Tive minha vida acadêmica interrompida só pude retoma recentemente...
Fernanda Tardin: Desculpem outra vez, precisarei voltar a sair do PC por causa da forte chuva que volta a cair aqui.
Paulo Oisiovici: Também por não resistirem a força da grana como você disse Fernanda.
Fernanda Tardin: Gostaria de agradecer ao Paulo e pedir que SIGAM oportunizando este resgate com o Paulo. Perguntem, abraços participem amigos façam pergunta a este que viveu um período e lutou com bravura. amanha ajudo a editar bj.
Maria Auxiliadora Santa Cruz: MUITO BOM.quando é O PRÓXIMO?
Paulo Oisiovici: Seria interessante um trabalho de pesquisa do grupo visitando os companheiros vítimas nos locais onde se encontram hoje para juntada de materiais... 
Sos Favela: Boa noite a todos,acompanhei vocês,e aprendi muito sobre a ditadura.com certeza se eu tivesse mais idade na época estaria participando como mais uma vitima da ditadura com vocês hoje, parabéns Paulo.parabéns a todos que viveram essa experiência, minhas paginas estão a disposição.
Paulo Oisiovici: Obrigado
Sos Favela: Eliud estou fascinada vou estudar mais sobre o assunto.
José Rodrigues: Muito esclarecedor. valeu!!! Fernanda. quando vai editar? 

O bate papo terminou às 22:27 Hs.

Um comentário:

  1. Não existe anjinhos em nenhum dos lados.
    Estas interferências internacionais no Brasil não é o melhor para o povo brasileiro. Por um lado temos os Estados Unidos, parte da Europa e China querendo o figado do Brasil e por outro lado os comunistas querendo acabar com as desigualdades sociais, mas levando a população a pobreza e miseria como acontece em Cuba. A Uniao Soviética há muito entregou a "rapadura" agora anda de maos dadas com o tio Sam.
    Todos sabem que comunismo e capitalismo nao deu certo. É hora de pensar em um modelo novo de cooperação, colaboracao entre as pessoas. Tanto no comunismo como no capitalismo existem corruptos, safados e exploradores do povo.

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“Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada. É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina.”
Carlos Drumond de Andrade